Com relação aos roteiros catequéticos, há pelo menos dois problemas: a fobia de roteiros e a linguagem dos roteiros. 1l1f3h
Em muitos lugares, há um preconceito contra roteiros. Dizem que não se pode dar tudo pronto para o catequista, que o catequista não pode se contentar com uma catequese livresca, que nenhum roteiro é completo. Esse modo de pensar pode até ter certa razão, mas desconhece que os roteiros são importante auxílio pedagógico para a prática da catequese. A função do roteiro não é tirar a criatividade do catequista, dando tudo pronto, mas organizar metodologicamente a fé que a Igreja professa, celebra e vive; tudo isso dentro das categorias que as reflexões catequéticas vão pontuando nos documentos.
Outro problema que surge com os roteiros existentes, pelo menos com grande número deles, é que utilizam ainda categorias antigas para falar de coisas novas. Há uma distância enorme entre as reflexões teológicas e o conteúdo de certos roteiros oferecidos aos catequistas. A maior parte dos roteiros ainda centraliza a catequese nos sacramentos, não indo muito além do esquema Dogma-Bíblia-Igreja. Então, o catequista encontra nos documentos reflexões interessantes, mas ao realizar seus encontros vai partir do roteiro e não das teorias. Esse descomo entre reflexão teológica e roteiro didático é outro ponto por onde nossa catequese se derrapa.
Julgamos importante elaborar roteiros pedagógicos que assumam novas categorias para trabalhar a transmissão e o amadurecimento da fé.
Do ponto de vista pedagógico, sabemos que uma linguagem codificada em categorias antigas terá dificuldade de penetrar no coração dos catequizandos. Mas tudo é questão de código. Isso é itido com tranquilidade pelos documentos da Igreja.
O Estudo 53 da CNBB – Textos e Manuais de Catequese – afirma, no número 108, que “as formulações da fé têm seus condicionamentos históricos: a mesma fé pode, em situações diferentes, receber formulação diferente. O significado é que deve permanecer”. Os bispos estão praticamente citando o Concílio Vaticano I, de 1870. Então, é preocupante imaginar que há ainda resistências contra as reformulações da fé. Se não codificarmos nossa doutrina em linguagem nova, ela não será inteligível. Trata-se de transmitir o mesmo conteúdo da fé, a boa-nova de Cristo, mas de um modo tal que ela seja acolhida como algo realmente novo e importante para as pessoas do nosso tempo.