Tendo em vista a publicação da nova tradução brasileira da 3ª edição típica do Missal Romano, procuraremos apresentar alguns caminhos para a arte de celebrar como forma de fomentar a espiritualidade no ato de celebrar. Apontaremos elementos que demonstram a tarefa do Missal Romano como Lex Orandi da Igreja na condução do povo de Deus a uma espiritualidade fundamentada na Palavra de Deus. Analisaremos a dimensão da arte de celebrar e sua combinação ritual, simbólica e gestual para uma experiência comunitária dos fiéis e apresentaremos uma catequese mistagógica da Celebração da Eucaristia, proposta pela 3ª edição típica do Missal Romano para promover maior efetividade e afetividade na participação e na espiritualidade do povo de Deus. r5vi
Nos anos que se sucederam à reforma litúrgica requerida pela Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, o Magistério da Igreja reafirmou a importância da arte de celebrar para os sacerdotes e o povo de Deus como mecanismo ideal para a promoção da espiritualidade. Esse conceito vai além da simples execução correta dos ritos de acordo com os livros litúrgicos, mas colabora para a construção da espiritualidade de todos os envolvidos. Abrange, sobretudo, o espírito de fé e adoração presentes na celebração. Contudo, é fundamental ressaltar que essa dimensão espiritual não pode ser alcançada se houver desvio das normas estabelecidas para a liturgia.
Por sua própria essência, a liturgia incorpora uma variedade de níveis de comunicação destinados a envolver o ser humano em sua totalidade. Na exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, o Papa Bento XVI ressalta a importância de prestar atenção a todas as formas de linguagem contempladas pela liturgia, que incluem palavras, cânticos, gestos, silêncios, movimentos corporais e as cores litúrgicas dos paramentos (SaCa, 40). Ele enfatiza que a conexão entre o mistério crido e o mistério celebrado se revela especialmente no valor teológico e litúrgico da beleza, ligando-a ao esplendor da Verdade e ao amor de Deus revelado em Cristo (SaCa, 35).