Cada fiel, quando se coloca na relação com seu Senhor em sua espiritualidade, traz em seu coração o desejo de participar, da forma mais profunda possível, no mistério celebrado. A arte de celebrar traz consigo um ardente desejo de introduzir seus participantes numa experiência mistagógica com o seu Senhor de forma bela e bem realizada. O desejo de uma celebração digna e bela não traz consigo somente seu caráter de riqueza visual, como os grandes templos artísticos, mas aguça os nossos sentidos a algo que extrapola a nossa razão pela nobre simplicidade litúrgica do lugar, mesmo em uma capela de aldeia. Gestos, palavras, cantos, atitudes e posturas, trazem em si uma sintonia que precisa ser ordenada para que se forme uma harmonia, e dessa maneira, seja feita de forma artística, ou seja, bem realizada. 2n4r6a
Quando falamos de arte, estamos de tal modo habituados a pensar apenas nas obras-primas nos museus, que corremos o risco de esquecer que a arte diz respeito também às artes aplicadas, por exemplo, a arte de viver, a arte dos utensílios de mesa ou do vestuário. Ao nos aplicar para que as coisas sejam bem-feitas, cada um de nós realiza muitas ações com arte, mesmo sem ter consciência: o modo de vestir-se, de conduzir uma conversa, de arrumar a casa, de receber os amigos, de arrumar a mesa para uma refeição festiva, de viver com os filhos. São todas “artes de fazer”. É uma arte de ação mais do que da obra, por exemplo: uma bela festa, uma bela noite, uma sala de jantar acolhedora…
Dessa maneira, percebemos que estamos falando de uma “arte do fazer”, que envolve energia e desejo de ação. Contudo, é bom ter firmemente em mente que a qualidade do fazer é importante, pois não basta fazer; é necessário que se faça direito, para que, ao levar a ação à sua finalidade, de fato fomente a espiritualidade de todos os participantes.