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A gratidão aos ancestrais – Parte 1

A gratidão aos ancestrais – Parte 1 2c3u28

Olá! Espero que você esteja bem! Qual é o lugar da ideia de ancestralidade na formação cultural e educacional de nossas juventudes? Em sua opinião, como nossa cultura trabalha e valoriza o lugar dos ancestrais? 6e6s4s

A ancestralidade tem a ver com nossa origem e tradição genética, cultural, étnica, religiosa etc., portanto, uma boa consciência da ancestralidade nasce da percepção de que somos fruto de uma história com a qual estamos intimamente ligados. Por mais autônomos ou independentes que sejamos, jamais somos ou estamos isolados de nossa história.
Há várias formas de lidar com a questão dos ancestrais, mas há um princípio fundamental, basilar, estrutural: a gratidão! Sem nutrir sentimento de gratidão com relação às pessoas que vieram antes de nós, é quase impossível viver pacífica e intensamente o presente. A certeza de que cada pessoa e cada momento histórico presente decorrem de escolhas feitas no ado é indiscutivelmente necessária para estruturação de uma identidade consistente.

Proponho refletir sobre dois pontos: 1) o risco da sobreposição da efemeridade à permanência; 2) o risco do anacronismo que julga com critérios de hoje acontecimentos de ontem.

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman a sociedade contemporânea vive a era da liquidez, isto é, as coisas se amoldam com facilidade ao bel interesse dos indivíduos ou circunstâncias, como o líquido se amolda ao recipiente. Nesta sociedade os valores perdem a nuance de solidez, de estrutural, de consistência e ficam flexíveis, moldáveis, adaptáveis.
Aplicada ao tema da ancestralidade a liquidez pode gerar a falsa ideia de que as relações entre o presente e o ado são efêmeras, ou seja, ageiras e com pouca importância. A efemeridade – percepção de que tudo a com rapidez – não anula o fato de sermos fruto de quem veio antes de nós; nada é capaz de romper a lógica/laço de causa e efeito que nos liga a nossos ancestrais.

Para lembrar a filosofia aristotélica, ninguém é causa de si próprio; nenhum ente gerou a si mesmo, ao contrário, todos temos uma origem diversa de nós mesmos, portanto, por mais que tudo seja ageiro (efêmero!), nossos vínculos com a ancestralidade (pensada de forma mais restrita ou mais sistêmica) são permanentes e inexoráveis.
Concluindo este primeiro ponto de análise é possível dizer: nosso presente e nosso futuro não estão predeterminados pelo ado, mas não estaríamos aqui se dependêssemos apenas de nós mesmos, logo, é essencial reconhecer, com gratidão, o que fizeram por nós, pois os laços que nos unem à ancestralidade são permanentes.

Continuação no próximo artigo.

José Luciano Gabriel – Diácono Permanente da Diocese de Governador Valadares. Advogado. Professor. www.jlgabriel.com.br 1o2829
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