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A Paróquia no Concílio Vaticano II

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O Concílio Vaticano II não tem um documento ou uma parte específica sobre paróquia, contudo, apresenta uma chave de leitura muito importante: a Igreja Particular. A Constituição dogmática sobre a Igreja, a Lumen Gentium, embora não contenha o termo paróquia, refere-se a ela em todos os textos, porque a Igreja existe de forma universal e particular. A Igreja Universal está presente na Igreja Local. A paróquia é a concretização histórica que torna visível a Igreja. É onde todos os que nela participam fazem a experiência de ser Igreja – com uma multiplicidade de dons, carismas e ministérios. 261m2h

O Concílio reflete sobre a Igreja Local partindo da Eucaristia e insiste no valor da Igreja reunida em assembleia eucarística. Ela é fonte e cume de toda a vida cristã, onde se realiza a unidade de todo o Povo de Deus. Outra perspectiva para a redescoberta da Igreja Local aborda a natureza missionária da Igreja. O Concílio também destacou a condição e a dignidade de todos os batizados.

A paróquia, porém, não é a Igreja Local no sentido estrito, pois ela está em rede com as demais paróquias que formam a diocese, que é a Igreja Local. Para o Concílio, portanto, a paróquia só pode ser compreendida a partir da Diocese. Em termos eclesiológicos, pode-se dizer que ela é uma “célula da diocese”, pois esta é apresentada como porção da Igreja Universal; a paróquia, entretanto, é entendida como parte da Diocese.

Uma vez que a paróquia não é uma Igreja Local, ela encontra no conceito comunidade a autocompreensão de sua realidade histórica. A paróquia, portanto, é uma comunidade de fiéis que, de alguma maneira, torna presente a Igreja, num determinado lugar. Essa comunidade se expressará na comunhão.

Assim, a Igreja, que prolonga a missão de Jesus, há de ser compreendida primeiramente como comunhão, pois sua raiz última é o mistério insondável do Pai, que, por Cristo e no Espírito, quer que todos os homens e mulheres participem de sua vida de infinita e eterna comunhão, na liberdade e no amor, vivendo como filhos e filhas, irmãos e irmãs. O Concílio Vaticano II acentuou essa compreensão ao apresentar a eclesiologia em chave trinitária: “A Igreja é o povo de Deus reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A comunhão trinitária torna-se, então, fonte da vida e da missão da Igreja, modelo de suas relações e meta última de sua peregrinação.

Nessa perspectiva, é preciso perceber a riqueza do que se entende por comunhão. O significado primeiro remete à comunhão com Deus. Os membros de uma comunidade de fé, pelo encontro com o Senhor, antes de tudo, querem estar em comunhão com Deus Uno e Trino. Como os discípulos, cada cristão é, inicialmente, chamado à comunhão com o Senhor. Na liturgia batismal, a profissão de fé expressa em comunidade é a resposta de adesão a Deus que se revela mistério de comunhão trinitária. Por isso, desde o início, a experiência de fé é essencialmente um chamado à comunhão com a Trindade, pois a comunhão com Deus se desdobra na comunhão com os bens salvíficos que Ele nos oferece, sobretudo a Eucaristia.

A comunhão com Deus se desdobra na comunhão com os bens salvíficos que ele nos oferece, especialmente a Eucaristia. São Paulo nos ensina: “O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10, 16b-17). Agostinho qualifica a Eucaristia como “sinal de unidade e vínculo de amor”, e o Concílio Vaticano II a apresenta como “fonte e ápice de toda a vida cristã” na relação com os outros sacramentos e, especialmente, com a Palavra, pois a Igreja “sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar, toma da mesa tanto da palavra de Deus quanto do Corpo de Cristo o pão da vida e o distribui aos fiéis”.

Logo, a Igreja é mistério, sinal e instrumento de comunhão. Ela tem sua origem na Santíssima Trindade. Na história ela se espelha na comunhão trinitária, e seu destino é a comunhão definitiva com Deus Uno e Trino. Para realizar sua missão no mundo, a Igreja precisa de uma constituição estável, que há de ter por base a “comunhão”, característica necessária a todas as formas de organização da vida eclesial.

A comunidade entendida no horizonte da comunhão tem, portanto, força profética no mundo contemporâneo marcado por traços profundos de individualismo. Quando se propõe uma nova paróquia como comunidade de comunidades, mais do que imaginar ou criar novas estruturas, trata-se de recuperar as relações interpessoais e de comunhão como fundamento para a pertença eclesial. Não há outro elemento de natureza teológica mais importante para alimentar a configuração eclesial do que a comunhão.

Podemos, enfim, sintetizar a posição do Concílio sobre a paróquia em três direções: a agem do territorial para o comunitário; do princípio único do pároco a uma comunidade toda ministerial; e da dimensão cultual para a totalidade das dimensões da comunhão e missão da Igreja.

20º Artigo de Dom Antônio Carlos Félix sobre a “Urgência da Renovação Paroquial”. 3v6i4b
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