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Comunicação e Evangelização

Comunicação e Evangelização 12f73

A comunhão entre as pessoas depende da comunicação. A Trindade Santíssima é a plena comunicação da relação amorosa do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ela nos ensina que o amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. A mensagem cristã não pode ser apenas informativa, mas precisa ser performativa. Isto significa que o Evangelho, que é a revelação do Deus Amor à humanidade, não é apenas comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida. 3x1x6z

Comunicar significa partilhar e a partilha exige a escuta e o acolhimento que leva ao diálogo, que nasce do esforço de escutar e de falar com o coração. Aliás, a escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação. Nessa perspectiva, a evangelização aliada à comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim as relações humanas, também em meio às diferenças.

A missão evangelizadora da Igreja implica entrar nas culturas, dentre essas, a cultura produzida pelas tecnologias, que incluem os meios tradicionais de comunicação social e o ambiente digital. Há de considerar que, hoje, não se trata apenas de usar instrumentos de comunicação, mas de viver numa cultura amplamente digitalizada, que tem impactos extremamente profundos sobre a noção de tempo e de espaço, sobre a percepção de si, do próximo e do mundo, sobre a maneira de comunicar, aprender, obter informações, entrar em relação com os outros.

Precisamos estar conscientes da responsabilidade e do dever de colocar as tecnologias da comunicação a serviço da evangelização, do bem comum e da verdade, considerando que nossa presença, especialmente no mundo digital, enquanto membros da Igreja, é sempre eclesial. De fato, a constatação de que as redes sociais facilitam iniciativas individuais na produção de conteúdo pode parecer uma oportunidade preciosa, mas pode representar também um problema quando atividades individuais são levadas a cabo de maneira arbitrária, sem refletir a meta e visão geral da comunidade eclesial.

A dissociação entre a comunicação nas redes sociais e a missão que tem por origem o mandato missionário “Ide, pois, e fazei discípulos” (Mt 28,19), a partir do anúncio genuíno do Evangelho, gera confusão, introduz elementos estranhos à doutrina, fomenta críticas tensas que não edificam e dá margem para que opiniões pessoais prevaleçam sobre o ensinamento do Magistério e da doutrina da Igreja. Em vez de fortalecer o Corpo de Cristo, que é a Igreja, essas iniciativas têm causado conflitos, dúvidas e, em alguns casos, decepção. Diante disso, é imprescindível que a comunicação institucional seja reta, fiel ao ensinamento da Igreja e esteja ao seu serviço.

As contínuas mudanças que ocorrem em nossa época, entretanto, produzem um fascínio que tanto fortalece quanto fragiliza a existência humana e a vida comunitária e social. Isso significa que não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do ser humano e sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações e de promover o bem da sociedade, mas também podem levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos.

A Inteligência Artificial, que se faz cada vez mais presente no contexto da comunicação, está mudando as dinâmicas da sociedade global, influenciando comunicações, relações interpessoais e a própria organização da vida humana, alterando nossa rotina e gerando questionamentos sobre o futuro da tecnologia. Essa realidade certamente traz novas oportunidades. O desafio consiste em enfrentar a dependência excessiva da tecnologia, que pode limitar nossa capacidade de criar relações com quem está próximo de nós.

Por outro lado, urge evitar leituras catastróficas com efeitos paralisadores sobre as tecnologias da comunicação. Se não analisarmos as nossas profundas resistências à mudança, como pessoas ou como sociedade, continuaremos a fazer o que fizemos em outras crises sem nos darmos conta das consequências. O progresso técnico, se bem ordenado ao serviço do ser humano, pode contribuir para a realização do plano de Deus (cf. GS 36). É essencial cultivar a aprendizagem contínua e a adaptabilidade, mas sempre pautadas por uma conduta ética que a oriente para o bem comum e a fraternidade universal (cf. LS 189). É imprescindível observar também a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018) que tem como principal objetivo proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.

Toda mídia e tecnologia precisam ser ferramentas de serviço que não substitui a pessoa humana. De fato, o mundo corre o risco de ser rico em tecnologia e pobre em humanidade. O desafio será defender, no contexto tecnológico, a integridade do ser humano e do planeta, superando uma perspectiva meramente tecnicista. É preciso, então, manter em evidência os aspectos humanos da comunicação, que implicam a proximidade, o diálogo, o escutar e o falar com o coração, enfim, atitudes e iniciativas que ajudem a gerar comunhão e a construir a cultura do encontro.

Fonte: Instrumentum Laboris das DGAE 2025, 2ª versão.

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