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Dos tantos distanciamentos

Dos tantos distanciamentos 5fv1z

Olá! Espero que você esteja em paz! 6d2t2j

Quantas são as consequências da pandemia de COVID-19? Até onde vão os prejuízos e as perdas provocadas pela disseminação deste vírus? Além das sequelas deixadas no organismo de tantas pessoas e das vidas ceifadas pela atuação do vírus no corpo, é possível medir e nomear o alcance dos devastadores efeitos provocados por esta crise humana que nos assolou no ano de 2020?

Certamente você está pensando em algumas coisas que poderiam ser computadas no legado da pandemia, mas o mais provável é que muita coisa ainda fique de fora de sua lista: na verdade, ainda é cedo para dimensionar todos os impactos que estamos vivenciando em decorrência desta pandemia.

Entre as muitas questões que podemos trazer à tona, vale a pena refletir sobre os problemas dos distanciamentos. A princípio, o distanciamento entre as pessoas figura como principal estratégia de controle da proliferação do vírus. As autoridades sanitárias demonstraram que as aglomerações e as proximidades entre as pessoas combatem do lado do vírus, logo o distanciamento é arma indispensável na batalha contra o novo corona vírus.

Os distanciamentos sociais levaram, entretanto, a outros distanciamentos ou evidenciaram alguns distanciamentos que já existiam, mas que ficavam velados, escondidos, camuflados nas narrativas de uma normalidade absurdamente anormal.

Primeiro é interessante pensar que o distanciamento social leva a outros distanciamentos capazes de expor os indivíduos a situações complexas e até patológicas: a solidão, a falta de sentido real para vida; o vazio de algo consistente que sustente o ser para além dos afazeres sociais… a fugacidade e a finitude do existir. A brevidade da vida. Ao ter que conviver apenas consigo, ou no máximo com um grupo muito pequeno de familiares, muitas pessoas estão se dando conta de que se encontram distanciadas de si mesmas, assim, o distanciamento social escancara um outro distanciamento mais grave e mais difícil de ar: o distanciamento de si!

Há uma segunda coisa intrigante ligada a outros distanciamentos. Muita gente tem percebido que estava distante demais de condições dignas de vida ao perceberem a precariedade a que estavam acostumados a ar. De repente muitas famílias se deram conta da gravidade de não ter água na torneira para lavar as mãos; de não ter dinheiro para comprar o pão para o café da manhã se não puderem sair à noite para conquistá-lo; de não terem qualquer garantia no emprego e de não terem a quem recorrer. A pandemia revela o quão distante de uma vida humanamente digna tanta gente tem vivido. É a revelação de outro tipo de distanciamento!

Um terceiro distanciamento que causa perplexidade é o que existe entre as narrativas político-econômicas e a vida concreta da maior parte da população. Políticos irresponsáveis tratando com negligência, infantilidade e sarcasmo barato a pandemia; políticos desviando, corruptamente, verbas que deveriam ser empregadas em estratégias de enfrentamento das consequências da COVID-19. Politização da pandemia e instrumentalização das desgraças por ela provocadas em favor de interesses escusos e contrários aos interesses da sociedade. Já pensou nesta distância que a pandemia nos tem permitido perceber?

À medida que a pandemia vai ando, quais distanciamentos você quer que diminuam?

Por José Luciano Gabriel – Diácono Permanente da Diocese de Gov. Valadares/MG, Professor, Advogado. Blog: jlgabriel.blogspot.com.br | e-mail: [email protected] 4s6e1s
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